O samba de Martinho da Vila é o ponto de encontro entre Verônica Sabino e Luis Filipe de Lima. O show “Meu laiaraiá”, que estreou no início de 2019, juntou os dois artistas com o repertório do compositor. Com a pandemia e os espetáculos transferidos para o ambiente online, o duo gravou uma apresentação para o projeto “Quatro cantos”, e esse registro – com adesão luxuosa de Marcos Suzano – ganha edição em álbum lançado pela parceria da Cabanas Produções com a Mills Records.
Luis Filipe de Lima é doutor em samba, isso todos já conhecem. Verônica Sabino ficou nacionalmente conhecida na década de 1980 por canções românticas nas trilhas de novela e paradas das rádios, mas já em seu primeiro disco se aventurava em sambas, tendo ao longo dos anos já gravado músicas de João Bosco, Noel Rosa, Dona Ivone Lara e Jovelina Pérola Negra.
A obra de Martinho é terreno fértil para o mergulho. Em nove faixas, Verônica e Luis Filipe recriam desde sucessos como “Disritmia”, “Ex-amor” e “Quero quero” até músicas menos lembradas como “Samba da cabrocha bamba” e “Madrugada, carnaval e chuva”. A abordagem tem a marca dos artistas, e o samba de Martinho atravessa a avenida com abordagem elegante e pontos de ousadia como o beatbox na percussão eletrônica de Suzano em “Madalena do Jacu”, que fecha o álbum.
“Sempre tive o samba do Martinho na minha memória afetiva musical”, conta Verônica, que foi convidada para cantar duas músicas com Martinho no mais recente álbum do sambista. “Sendo brasileira e tendo nascido no Rio, é quase marca de nascença. Mas, agora, o encantamento se expandiu para a sua trajetória, para as histórias, a avenida, Vila Isabel, tantas belezas”, explica a cantora no texto que apresenta o álbum.
Em total sintonia a voz de Verônica, o 7 cordas de Luis Filipe e a percussão moderna de Suzano levam a obra de Martinho da Vila para um novo espaço, com respeito mas também com forte assinatura deles.