Tom Jobim disse que “longa é a arte / tão breve a vida” e tinha razão. A grande dama da cultura Bibi Ferreira morreu em fevereiro mas deixou mais uma pérola: o álbum “Bibi Ferreira canta Sinatra” foi gravado no segundo semestre de 2017 – quando ela estava com incríveis 95 anos, um ano antes da artista anunciar sua aposentadoria. O CD acabou ganhando edição póstuma pela Biscoito Fino.
Ao lado de uma grande orquestra regida por Flávio Mendes Bibi desfila maestria interpretando clássicos de Sinatra. Com a idade a voz, é claro, não tinha mais a força de antes. O que não faz tanta diferença para uma intérprete tão grande e inteligente. A grandiosidade das músicas, da cantora, da atriz, de toda a história dela e de Sinatra estão no disco. A capa coloca os nomes de Bibi e Sinatra em um luminoso da Broadway, com justa aplicação de um dourado que é pra sempre deles.
Entre os grandes clássicos de Sinatra Bibi não deixou de lado o forte envolvimento do cantor americano com a bossa nova. Primeiro inclui em um medley a versão em inglês para “Se todos fossem iguais a você”. Deixa para se derramar na doçura de “Dindi”. Na reta final ainda inclui um novo medley, dessa vez todo com a obra de Jobim: “Meditação”, “Corcovado” e “Água de beber”.
O disco encerra com “My way”, e a letra ganha ainda mais força quando se ouve o disco depois do falecimento de Bibi, aos 96 anos e somando quase oito décadas de carreira. Bibi é para sempre um patrimônio dos palcos brasileiros.