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De volta ao veneno muito vivo de Cássia Eller

O furacão Cássia Eller continua abalando estruturas. Vinte e um anos depois de lançar o CD “Veneno vivo”, a gravadora Universal Music apresenta “Todo veneno vivo”, com dez faixas a mais, surpresas inéditas e ainda mais potência no rock. A novidade que já ganhou espaço nas plataformas, vai ter também edição em CD duplo.

O encontro entre os dois era inevitável: em 1997 Cássia gravou um álbum com as canções de Cazuza. Mas era no palco que a magia acontecia de verdade, e o disco ao vivo lançado um ano depois superou e muito o registro em estúdio. Agora um novo capítulo para essa história: o show (que teve direção do poeta Wally Salomão) volta em registros inéditos, dez músicas a mais, e numa nova masterização que deixa o som mais sujo, mais pesado e pulsando ainda mais real.

“Eu não sei se vocês perceberam, mas eu fico muito feliz cantando as músicas de Cazuza. Bom pra caralho!”, entrega Cássia antes de engatar “Por que a gente é assim?”. Nem precisava explicar. Isso está claro desde o início entre o samba e o rock com “Brasil”, que na novo registro traz citação a Noel Rosa: o rock é coisa nossa. O disco foi gravado em três noites de shows no Teatro Rival. A nova edição buscou novidades – mesmo nas músicas já incluídas no álbum anterior. Apenas “Nós”, “Mis penas Lloraba Yo/ Soy Gitano”, “Farrapo humano” e “Amor destrambelhado” são figurinhas repetidas entre as 24 faixas que, além de Cazuza, traz músicas de Rita Lee, Luiz Melodia, Lobão e Renato Russo.

O roteiro dos shows aparece agora na íntegra, incluindo falas da cantora que deixava a lendária timidez na coxia antes de entrar no palco. As novidades são “Blues da piedade”, “Por que que a gente é assim?”, “1º de julho”, “Só as mães são felizes”, “Preciso dizer que te amo” (duo com Lúci), “A orelha de Eurídice”, “Menina mimada”, “Bete balanço” e “Pro dia nascer feliz”, com citações de “Satisfaction” e “Let’s spend the night together”.

Em quase uma hora e meia de show Cássia faz barulho com seu vozeirão quente e sua  interpretação vigorosa, necessária. Em tempos tão caretas que o país vive, de tantos retrocessos, é importante lembrar que ali atrás, há mais de vinte anos, conhecemos uma figura livre e indomada como Cássia – vinda da linhagem do rock, da contracultura, das barreiras vencidas e a vencer. Eles ainda têm muito o que dizer.

O Brasil 2019 precisa de Cássia, precisa de Cazuza. Mais uma dose, é claro que o país está a fim.

 

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