Arquivos

Orquestra de Pupillo festeja o frevo com novidades

Já classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, o frevo tem sua importância reconhecida. O ritmo tem fôlego para ser ouvido além das festas de carnaval e dos limites culturais de Pernambuco. O projeto “Orquestra Frevo do mundo”, produzido e idealizado pelo baterista e produtor Pupillo, é prova disso. O primeiro volume do álbum foi lançado trazendo a orquestra acompanhada por vozes de Pernambuco, Bahia e São Paulo.

Membro da clássica Nação Zumbi, Pupillo tem deixado sua assinatura como produtor em trabalhos contemporâneos importantes. Nesse novo projeto traz a tradição do frevo para uma linguagem pop renovada com uso de instrumentos eletrônicos e referências variadas do manguebeat ao brega. O frevo, vivo e pulsante, está de roupa nova em um repertório que mistura alguns clássicos e autores das novas gerações.

O disco já abre com “A filha da Chiquita Bacana”, juntando Caetano Veloso – compositor do frevo – com Céu. O bloco segue com Siba cantando “Linda flor da madrugada”, Duda Beat com “Bloco do prazer”, Otto com “Ciranda de maluco”, Tulipa Ruiz com “Frevo mulher” e Arnaldo Antunes com “Ela é tarja preta”.

Destaque no álbum o cantor pernambucano Almério puxa o bloco da inclusão, do respeito e da diversidade com “Vida boa”: “A gente tá querendo a vida boa / Boa como a vida de outras pessoas / Outras pessoas que também querem uma vida boa / Boa como a vida de outras pessoas”, diz a letra de Fábio Trummer, lançada pela banda Eddie em 1996, que ganhou texto de protesto carinhoso do próprio Almério. “Vamos repartir essa fatia direito. Alô, Brasil!”, pede.

Entre as décadas de 70 e 80 o compositor Carlos Fernando fez a vitoriosa série de LPs “Asas da América” também focando o frevo com um elenco estrelar de vozes, revitalizando o gênero que andava em baixa mesmo em sua terra natal. Felizmente esse não é o caso hoje em dia, Pernambuco é estado que valoriza e reconhece suas raízes. Mas Pupillo põe ousadia e traz novos elementos para mostrar que a tradição pode seguir pulsando.

O álbum cruza frevos clássicos com novidades mostrando que a produção segue ativa e se reinventando. O projeto tem gás para criar asas pernambucanas e voar o país juntando mais vozes e mais referências. No caldeirão pop-tropicalista a festa do frevo é plural.

 

Outras Postagens

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *