“O pior de mim está na mesma mão que trago flores pra você”, canta Rodrigo Suricato (agora assinando apenas Suricato) na faixa que batiza “Na mão as flores”, seu terceiro álbum solo. Nesse novo trabalho, lançado pela Universal Music, Suricato divide a produção com Marco Vasconcellos. Mas no mergulho o artista se mostra múltiplo: compositor, arranjador, multi-instrumentista e intérprete.
Raro caso de um grande artista revelado nos realities da TV, Suricato logo chamou atenção por sua personalidade e diversos talentos. O caminho levou até um lugar ao mesmo tempo difícil e honroso: hoje ele ocupa – e faz bonito – o posto de vocalista do Barão Vermelho. Em paralelo leva seu trabalho solo e faz participações em discos de colegas, como nos recentes trabalhos de Zélia Duncan e Ana Carolina. Os coletivos que podem também levar ao íntimo, como no álbum solo.
O novo trabalho segue a trilha pop-folk da banda que o projetou – e batizou. Reafirmando o diálogo com sua identidade, Rodrigo toca sozinho todos os instrumentos em todas as faixas do disco: de sua conhecida – e elogiada – guitarra até percussão, baixos e efeitos todo que se ouve tem a mão dele. Luxuosa exceção para “Admirável estranho”, que abre o disco e tem participação das cordas da Orquestra de St Petersburg.
Nas onze composições que selecionou para “Na mão as flores”, Rodrigo fala de sentimentos, relacionamentos, dia-a-dia. A única regravação do álbum também tem forte assinatura do artista. Suricato traz “Como nossos pais”, clássico de Belchior imortalizado por Elis Regina, em ambiente blue que destaca sua guitarra. Os versos compostos na década de 70 soam atuais, oportunos e muito importantes.
O disco em primeira pessoa é uma viagem pessoal que se torna coletiva. Sentimentos comuns, preocupações cotidianas são a tônica de “Na mão as flores”. Uma coleção de canções que nascem naturalmente no violão do artista, na sua intimidade revelada em poesia, e fala alto, próximo do mundo real.