Fechando o louco ano de 2019 a música proporciona um momento de beleza ímpar. Zé Renato canta a obra de Paulinho da Viola no álbum “O amor é um segredo”, lançado pela Mills Records. De tão harmonioso esse encontro já soa familiar na primeira audição. Dois artistas de mãos dadas com a beleza, com a sutileza, com a poesia das melodias e das letras.
A música de Zé Renato é contraponto para tempos duros. Sua arte é feita na fina delicadeza, na perfeição do canto, no repertório selecionado com critério e amor. Ainda mais quando o porto escolhido é a obra de Paulinho da Viola, artista que também segue a escola da beleza que não precisa de explicação. Simplesmente é.
O repertório foge da estrada do lugar-comum dos clássicos de Paulinho da Viola. Entre os nove sambas escolhidos por Zé Renato o único grande sucesso é “Para um amor no Recife”. As demais são pérolas pescadas na obra de Paulinho como “Um caso perdido”, “Sofrer” (parceria com Capinam), “Lua”, “Só o tempo”, “Cidade submersa”, “Foi demais” (com Mauro Duarte), “Vida” (com Elton Medeiros) e “Minhas madrugadas” (com Candeia).
O álbum foi gravado no Recife em setembro desse ano. Zé Renato divide a produção com os irmãos Lula e Tostão Queiroga. A voz e o violão de Zé Renato guiam todo o álbum, que ganha percussão de Tostão e participações como do maestro Spok (sax) e Fabinho Costa (trompete).
Zé Renato tem sua discografia marcada por belos trabalhos homenageando nomes como Zé Ketti e Silvio Caldas. Paulinho da Viola entra nesse painel de belezas brasileiras na voz afinada e interpretação nobre de Zé Renato.
Não há o que conentar apenas que acho Zé Renato o máximo. Bom gosto, sensibidade e coerente. Parabéns!